Trecho do texto publicado na REVISTA MARKETING, da ESPM, em março/abril de 2013, de autoria de Ricardo Sondermann.
O que significa ser o primeiro? Será tão importante o papel de desbravador, de explorador que abre caminhos para os outros? A história do homem tem sido a continua busca de novos mundos, riquezas, curas ou mesmo a superação de limites individuais. Como veremos aqui, eis o nosso DNA, parte de nosso ser e de nossa diversidade como espécie. Do dicionário, o significado de pioneiro é: explorador de sertões; aquele que primeiro abre ou descobre caminhos através de regiões desconhecidas. O que se antecipa na adoção ou defesa de novas ideias ou doutrinas; precursor. (http://www.dicio.com.br/pioneiro/)
Ser pioneiro é alcançar os picos mais altos do mundo, é o primeiro a atingir os pólos, cruzar oceanos, desertos, geleiras, descobrir terras virgens, espécimes novos, curas milagrosas, equações indecifráveis, a maior onda do mundo, estrelas magníficas ou estar indo, onde nenhum homem jamais esteve[1].
Desde que o homo sapiens saiu da África, há 60 mil anos, a ânsia de ir além do conhecido, de descobrir oportunidades e novas terras, tem moldado a cultura humana. A compulsão de ver o que atrás daquelas montanhas, além do horizonte, do outro lado do oceano ou além da nossa órbita espacial é parte de nossa identidade e de nosso êxito como espécie (DOBBS, 2013, p. 34). Como espécie, somos levados pela curiosidade, ficamos intrigados com as possibilidades de incentivar tais viagens. Muitas explorações visam a achar um lugar melhor para viver ou acumular riquezas, mas não há dúvidas que também saímos pelo mundo simplesmente pelo prazer de descobrir o que existe nele.
O que nos move aos extremos geográficos, espaciais ou da ciência é a solução de problemas, o bem estar do espírito individual e a glória ou celebridade, mas não necessariamente nesta ordem. Não existe uma equação para definir os percentuais do que pesa mais, mas é o desencanto do imobilismo e a impaciência que nos tira da zona de conforto.
Estudos recentes procuram desvendar que se existe um impulso exploratório, talvez possa ser encontrado em nosso genoma. E tal possibilidade existe numa variante do gene DRD4, que auxilia o controle da dopamina no cérebro. O estudo desta variante, o DRD4-7R, indutora da curiosidade e da inquietação, revela que ela faz com que as pessoas se disponham a correr mais riscos, explorar novos lugares, alimentos, ideias, relacionamentos, drogas ou oportunidades sexuais. Em termos gerais, acabamos sendo mais propensos à movimentações, à mudança e à aventura (DOBBS, 2013, p. 49, 54). Segundo o geneticista Svante Pääbo, do Instituto Max Planck, nenhum outro mamífero se movimenta como nós.
O pioneiro moderno procura a cura do câncer, o próximo aplicativo revolucionário, um método de produção totalmente sustentável e economicamente viável, aterrissar em Marte e, são estas nossas novas fronteiras. Mas para tanto precisamos compreender a motivação e os objetivos por trás de uma mente pioneira e desbravadora.
Nolan Buschnell, criador da ATARI, ao entrevistar Steve Jobs, na época com 19 anos de idade, disse que percebi que Steven tinha o mais importante, aquela faísca nos olhos só exibida por gênios da criatividade (VILICIC, 2013, p. 17). Buschnell entende que jovens com boas ideias devem ser incentivados à arriscar, e que no mundo corporativo muitos executivos se retraem diante do perigo de se arriscar. Mas é o contrário que é perigoso, não arriscar representa eliminar a criatividade e a inovação, levando as empresas ao declínio e por consequência prejudicando toda a sociedade.
[1] Frase utilizada na abertura do seriado Jornadas nas estrelas, na voz do comandante da nave Enterprise, Almirante James T.Kirk: O espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de cinco anos, para a exploração de novos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo, onde nenhum homem jamais esteve.